Hipotireoidismo não tratado aumenta riscos da gestação


terça-feira dezembro 11, 2012

 Você sabia que o hipotireoidismo na gestação, quando não tratado, pode causar problemas à mãe ou ao bebê? Por isso, a atenção deve ser redobrada. A maioria dos médicos é capaz de diagnosticar e tratar o hipotireoidismo, contudo, em várias situações a consulta com um endocrinologista é recomendável. Uma delas, sem dúvida, é o acompanhamento das gestantes com hipotireoidismo, já que os hormônios tireóideos são essenciais para o desenvolvimento do feto.
Hipotireoidismo clínico e hipotireoidismo subclínico
No hipotireoidismo clínico (franco) os níveis sanguíneos de hormônio tireoestimulante (TSH) estão, em geral, acima de 10 mU/L, enquanto os de T4 total ou livre (hormônios tireóideos) encontram-se abaixo dos valores normais. O hipotireoidismo pode ser discreto em sua fase inicial e, praticamente, assintomático – os níveis sanguíneos de TSH estão, habitualmente, entre 5 mU/L e 10 mU/L, enquanto, os de T4 total e/ou livre dentro dos valores de referência. Esta fase, que passa frequentemente despercebida, chama-se hipotireoidismo subclínico.
 A presença de hipotireoidismo clínico não tratado durante a gestão pode aumentar o risco de problemas para o feto e para a mãe. As mães podem ou não saber que possuem a doença. Nos casos das mães que sabem e já estão sendo tratadas, é mais fácil, pois podem procurar um especialista para acompanhá-las e fazer os ajustes necessários durante a gravidez.
“Uma vez que os hormônios tireóideos participam ativamente do desenvolvimento do embrião e do feto, é de suma importância que eles sejam repostos quando a tireoide está doente e não é capaz produzi-los em quantidade suficiente”
 Por outro lado, há muitas gestantes que nem sequer suspeitam que tenham a doença. Neste caso, é fundamental que as mães procurem o médico para que sejam realizados os exames de rotina para gestantes. Isso pode parecer óbvio a primeira vista, mas efetivamente acontece por diversas razões e o atraso no diagnóstico pode expor a mãe e o feto, inclusive, a consequências graves.
Riscos do hipotireoidismo durante a gestação
Uma recente revisão (2012) publicada no periódico Thyroid mostra os riscos envolvidos, bem como a melhor maneira de minimizá-los. Entre eles estão aumento da incidência de abortamento espontâneo, parto prematuro, pré-eclâmpsia, prejuízo do desenvolvimento intelectual e psicomotor do feto, hipertensão arterial da mãe, hemorragia pós-parto e recém-nascido de baixo peso. No caso do hipotireoidismo subclínico, com discreta alteração hormonal, os possíveis danos ao desenvolvimento intelectual e psicomotor do feto são controversos.
Prevenção
Os anticorpos antiperoxidase – anticorpos produzidos contra a glândula tireoide – são os principais marcadores da tireoidite crônica autoimune (tireoidite de Hashimoto), que é a principal causa de hipotireoidismo no Brasil. Quando uma paciente que tem esses anticorpos engravida é necessária a realização da dosagem de TSH no sangue. E neste caso os valores de referência para esse hormônio são diferentes dos das mulheres que não estão grávidas. Ou seja, os critérios utilizados para decidir a necessidade de reposição de hormônio tireóideo na gestação são diferentes. Mudam também, os critérios para os ajustes das doses de hormônio tireóideo de acordo com o trimestre da gestação. A dosagem de hormônios tireóideos e TSH no sangue deveria ser realizada a cada quatro semanas na primeira metade da gestação e, no mínimo, uma vez entre 23 e 32 semanas de gestação para se ter certeza de que as necessidades de L-tiroxina não mudaram. Em geral, é necessário aumentar a dose de L-tiroxina durante a gestação, que varia de pessoa para pessoa. Alguns endocrinologistas preferem continuar a verificar os níveis de TSH e hormônios tireóideos mesmo após 32 semanas para confirmar que eles estão normais para esse período da gestação.
 Assim, é importante que o seguimento seja realizado por médicos habituados a tratar o hipotireoidismo de gestantes. Mais importante ainda é que as gestantes tenham em mente que o hipotireoidismo não tratado representa um risco potencial para a saúde da mãe e do feto durante essa fase e, dessa forma, não devem protelar a consulta médica.